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Arthur Ambros

O primeiro prefeito de Portela

Por: Jalmo Fornari
05/03/2025 às 16h12 Atualizada em 05/03/2025 às 16h26
Arthur Ambros

Quem foi Artur Ambros, o primeiro prefeito de Tenente Portela

Ele era natural de Porto Lucena, uma localidade situada às margens do Rio Uruguai. Nasceu em 21 de agosto de 1898, filho de Adolfo Ambros, farmacêutico austríaco formado pela Universidade de Viena em julho de 1885, e de Clara Lovera, filha da parteira Jacintha Lovera, de etnia guarani, originária do Paraguai, e de Juan Gautherio, um madeireiro mestiço de Posadas, Argentina.

Arthur, ou Artur, ou ainda Arturo, foi engenheiro civil e geógrafo formado pela Escola de Engenharia de Porto Alegre em 1918. Assim que concluiu o curso superior na capital, retornou a Guarani das Missões, onde a família Ambros estava estabelecida desde 1900.

Sua intensa vida profissional iniciou-se em 1919, quando foi contratado como engenheiro horista da Comissão de Terras e Colonização. Permaneceu pouco tempo, pois, em fevereiro de 1920, foi nomeado diarista da Comissão de Terras em Guarani das Missões.

Em 15 de setembro de 1923, iniciou sua função política ao ser nomeado subprefeito da Intendência de São Luiz Gonzaga. Em 1º de outubro de 1924, foi eleito Conselheiro Municipal no mesmo município. Com a eclosão de movimentos revolucionários, como o levante da Coluna Prestes em 24 de outubro de 1924, em Santo Ângelo, ele foi nomeado capitão da Brigada Militar de São Luiz Gonzaga em 11 de dezembro do mesmo ano.

Em 1928, enquanto responsável pela Inspetoria de Terras em Guarani, foi vítima de um violento atentado por motivos políticos. Atingido por três tiros, reagiu e, como exímio atirador treinado pelo Tiro de Guerra, conseguiu atingir mortalmente o autor do atentado. Essa tragédia teve grande repercussão e causou marcas profundas em sua família. Seu pai, Adolfo Ambros, faleceu em agosto de 1929, aos 68 anos. Esses eventos alteraram o rumo de sua vida, até então voltada para o progresso de Guarani das Missões.

Em 5 de junho de 1928, foi nomeado ajudante da Comissão de Terras de Santa Rosa, onde se envolveu ativamente nas questões sociais e políticas, trabalhando pela emancipação do município gaúcho de Santa Rosa.

Com a emancipação de Santa Rosa, em 7 de julho de 1931, foi nomeado o primeiro prefeito, cargo que exerceu sem abandonar sua profissão de engenheiro civil. Tanto que, de dezembro de 1931 a junho de 1933 e de 1933 a 1934, foi chefe interino da Comissão de Terras de Santa Rosa. Na Brigada Militar, em 1930, foi nomeado capitão adjunto do 1º Regimento de Cavalaria Motorizada. da B.M. No dia 29 de março de 1933, foi nomeado suplente ad hoc do Juiz Federal de Santa Rosa. Finalmente, em 9 de novembro de 1937, foi promovido a chefe da Comissão de Terras do município de Santa Rosa.

Suas atividades profissionais como chefe da inspetoria de terras eram focadas na coordenação de medições, na formação de loteamentos, na distribuição de lotes e na colonização das terras por descendentes de imigrantes, brasileiros, caboclos e indígenas. No exercício deste trabalho técnico, procurava estabelecer políticas de melhoria das condições de vida, escolas, saúde e treinamento na agricultura e em outros ofícios. Sua atuação deixou marcas em Frederico Westphalen, Palmeiras das Missões, Alecrim, Três Passos, Tucunduva, Tuparendi e diversas outras localidades.

Nos anos 1940, Artur Ambros assumiu um cargo de dimensão estadual ao ser nomeado para a Diretoria de Terras e Colonização da Secretaria de Obras do Rio Grande do Sul. Em janeiro de 1945, casou-se, aos 46 anos, com a jovem Iraci Ambros, de 22 anos. Em outubro do mesmo ano, nasceu sua primeira filha. Entre 1948 e 1952, nasceram seus outros quatro filhos, três meninas e um menino. Assim que seu último filho nasceu, em 1953, ele requereu aposentadoria, aos 55 anos.

Em 1955, recebeu visitas de comissões de políticos do interior que pediam seu retorno à vida pública, devido à intensa polarização política no nordeste do estado, especialmente em um distrito do interior do município de Três Passos. Sob pressão, cedeu ao pedido do governador Ildo Meneghetti e aceitou assumir a prefeitura do novo município de Tenente Portela, desmembrado de Três Passos, sob a condição de ser candidato único.

O diário do prefeito

O diário de Arthur Ambros registra sua presença em Tenente Portela em dezembro de 1955, providenciando medições e planejando a abertura de ruas. Curiosamente, a maioria das ruas recebeu nomes indígenas, com exceção de uma larga avenida, batizada de Santa Rosa. Ele tomou posse como prefeito em 1º de janeiro de 1956, na presença do governador Meneghetti, de Euclides Triches e de uma comitiva estadual.

Durante seu mandato, viajava frequentemente a Porto Alegre para tratar de assuntos municipais. Apesar de possuir um Chevrolet 1951, modelo “Powerglide”, utilizava ônibus para suas viagens oficiais, deixando o carro para a família. Seu diário registra visitas frequentes a secretarias estaduais e audiências com o governador para garantir recursos para o novo município.

Seu comprometimento era notório, mas também causava desafios pessoais. A distância da família, o acidente do filho e a pressão política contribuíram para sua decisão de pedir licença por tempo indeterminado em 4 de julho de 1957. Existem versões que sugerem que sua saída também foi motivada por manobras políticas de adversários locais, que queriam assumir o controle da administração municipal.

Assim, encerrou-se a trajetória de Artur Ambros na política, deixando um legado significativo no desenvolvimento de Tenente Portela e de vários municípios do estado.

(Jalmo Fornari)

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Jalmo Fornari
Jalmo Fornari
Jalmo Fornari é diretor-proprietário do Sistema Província de Comunicação. Jornalista já atuou nos principais veículo de comunicação do Rio Grande do Sul, como as rádios Gaúcha e Guaíba. Também é advogado com pós graduação em direito previdenciário. Como político foi vereador em Tenente Portela por diversos mandatos, tendo ocupado por diversos momentos o cargo de prefeito. Nesta coluna você acompanha crônicas, textos e memórias.
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