Romário, um bem-sucedido e respeitado comerciante de nossa localidade, foi eleito prefeito municipal em 1959, assumindo o cargo em 1960 com a responsabilidade de dar continuidade a várias obras e projetos de um município recém-emancipado. Em uma de suas inúmeras viagens à capital, além do costumeiro despacho com os secretários, teve a oportunidade de participar de uma audiência com seu amigo particular, o governador Leonel de Moura Brizola.
Vale ressaltar que Brizola já havia até compartilhado o palco com ele em um dos comícios realizados durante sua campanha eleitoral em nossa cidade. Entusiasmado, ao chegar ao Palácio Piratini, Romário, sentindo-se importante, foi recebido na ala residencial pelo governador, que o acolheu com um mate. Levava, suspensa pelo braço já cansado, uma pasta preta de couro repleta de reivindicações.
Ao vê-lo, o governador colocou a cuia sobre o aparador e foi abraçar o amigo. Para quebrar o gelo e demonstrar cordialidade, Brizola logo perguntou:
— E então, Romário, prazer em revê-lo. A propósito, como vai a nossa zona?
— Boa, governador, muito boa, ainda melhor agora que chegaram três gurias novas vindas de Palmeira!
— Não falo da zona do meretrício, prefeito. Falo da zona rural! — emendou o engenheiro Leonel.
Sem perder o entusiasmo, Romário corrigiu:
— Ora, governador, a "rural" que eu tinha vendi para o compadre Sadi assim que fui eleito. Agora estou com um Aero Willys novo.
O governador soltou uma gargalhada, e Romário acrescentou:
— Azul, azul piscina.