O Gringo e o Diploma
O Gringo, conhecido no vilarejo por se achar o maior garanhão, adorava se gabar para os amigos sobre suas conquistas amorosas. Claro, a maioria das histórias era mais exagero do que realidade. Mas o tempo passa para todos, e o Gringo também era pai – e de uma adolescente! Quando chegou a hora de a menina continuar os estudos, ele fez questão de mandá-la para a Capital. Só que, diferente de outras famílias, ele não permitiria que sua filha tivesse "vida livre". Decidiu que ela estudaria em um colégio de freiras e moraria com a tia, uma irmã de caridade. Afinal, ninguém conhecia melhor os perigos dessa fase do que o próprio Gringo.
Mas como dizem, a fruta nunca cai longe do pé. Passou-se um ano, e a menina voltou... grávida. E o pior: sem saber quem era o pai.
Quando a criança nasceu, o Gringo ficou inconformado. Fez escândalo, ameaçou largar a família, bater na mulher e até expulsar a filha de casa. Mas, no fim, o amor sempre fala mais alto. As coisas acabaram se ajeitando, e a vida seguiu seu curso.
Três ou quatro anos depois, o menino se tornou o xodó do avô. Seguia o Gringo por tudo que era canto e até virou seu parceiro oficial nas pescarias com os compadres Néco e Olivar. O trio ia religiosamente ao rio quase toda semana, e lá estava o pequeno, grudado no avô.
Só tinha uma coisa que deixava o Gringo encucado: o Néco insistia em chamar o menino de "Diploma". O apelido pegou, mas um dia o Gringo, curioso, decidiu perguntar:
– Néco, meu compadre, por que é que tu chamas o Nêne de Diploma?
Sem perder o ritmo, enquanto tirava um jundiá do anzol, o Néco respondeu com um sorriso maroto:
– Ora, Gringo! Tu não vivia dizendo que a tua Gringuinha tinha ido pra Capital buscar um diploma? Pois foi isso que ela trouxe de volta!
O silêncio caiu como uma pedra sobre o barco. E ali, no meio do rio, terminou uma amizade de quase uma década.