Para traduzir a fragilidade da vida humana, o grande Oscar Niemeyer saiu com esta frase: “a vida é apenas um sopro”. E o “poeta das curvas de concreto” tinha razão. Realmente a vida biológica do homem é efêmera demais, é curta, imprevisível e incerta. Mas a frase simples e ao mesmo tempo profunda, proferida pelo notável arquiteto que viveu quase cento e cinco anos, não é dele; já foi dita, há milhares de anos (embora não exatamente com as mesmas letras), pelo patriarca Jó (7.7; 7.16), pelo salmista Davi (Sl 78.33; 144.4), por São Paulo, São Pedro, São Tiago (1.10), São João e por Jesus Cristo. E acredito que a expressão também não tenha sido inventada por estes. Na verdade, qualquer pessoa que se detenha a refletir sobre a existência tende a concluir que a vida humana se resume a isso mesmo. Daí que muitos preferem nem pensar na vida – ou, melhor dizendo, no fim da vida.
São João escreveu: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade do Pai permanece para sempre (I Jo 2.16-17).
Concupiscência significa apetite carnal desordenado, avidez pelas coisas materiais em detrimento da ética, da moral, do amor ao próximo e a Deus. Soberba quer dizer arrogância, orgulho, características visíveis de quem pensa ser mais do que os outros. A propósito, o sábio Salomão refere que “a soberba precede a ruína” (Pv 16.18).
Esses dois textos da Bíblia nos ensinam o seguinte: realmente a vida biológica é curta para bons e maus. Mas aquele que anda em concupiscência, ou seja, só pensa em “aproveitar” a vida no sentido de viver o máximo os prazeres carnais (buscar riquezas, fama, poder etc.), certamente cairá logo ali adiante, e, por não ter esperança de uma vida eterna com Deus, sua morte é quase sempre cercada de dor, tristeza, solidão e desespero. Ao contrário, a pessoa que não faz das coisas materiais seu objetivo de vida, e leva uma vida de humildade (sem soberba), de autenticidade, de busca de Deus, vive a sensação gostosa de que nunca morrerá, sente-se eterna, tranquila diante dos rumores de morte ou mesmo do tão falado “fim do mundo”. Para essa pessoa, que importa que a vida terrena seja como um sopro?! E vive dessa forma exatamente porque sabe que é filha de Deus. E se o Pai é forte, poderoso, eterno, é lógico que o filho absorve tais características.
Era isso que o Salmista sentia quando orou: “O senhor reina! Vestiu-se de majestade e armou-se de poder... O mundo está firme e não se abalará. O teu trono está firme desde a antiguidade... Os teus mandamentos permanecem firmes e fiéis”. Parte dessa glória, desse poder, impregna a vida da pessoa que crê em Deus.
O homem carnal sofre as consequências de suas invenções modernas que diz representarem progresso, evolução. Enquanto isso, mesmo agonizando, a terra continua produzindo flores e frutos. O sol continua surgindo a cada manhã, e a lua obedecendo com rigor aos ciclos que influenciam a vida natural. Enquanto o homem carnal, atolado em concupiscência e soberba, se debate tentando inventar coisas e provar teses científicas loucas, a obra da Criação é que continua sustentando a existência humana e de todos os demais seres, animados ou não. Porque Deus governa o mundo independentemente da concupiscência e da arrogância do homem. Seus mandamentos e leis permanecem firmes. A glória do homem “é como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pe 1.24).
A vida biológica do homem que anda com Deus pode ser um sopro, sim, mas um sopro gostoso; mesmo assim, ele crê que sua vida não acaba com a morte natural, pois, se o Pai é eterno, o filho também o é.
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