Os pais que dão e fazem tudo para os filhos sem impor-lhes limites, responsabilidades e disciplina estão muito longe de cumprir seu verdadeiro papel de pai; estão na verdade destruindo o futuro dos filhos.
Estudando a sociedade americana, o pesquisador Neill Postman indica algumas características típicas de crianças e adolescentes que viveram ou vivem sem qualquer responsabilidade, à sombra da tolerância paterna exagerada, as quais denomina “sinais doentios da infância e da juventude”: a) perda da capacidade de autodomínio (a criança faz verdadeiros escândalos para conseguir o que quer – cenas do supermercado, por exemplo); b) perda da capacidade de se expressar de forma correta (uso excessivo de gírias e termos obscenos, sempre em desprezo ao respeito e à vontade dos adultos); c) perda da capacidade de agradecer e de ser modesto (os pais só têm obrigações para com os filhos crianças ou adolescentes); d) perda da capacidade de obedecer e da consciência de que o poder dos pais e do governo são necessários para manter uma ordem, não para subjugar; e) perda do sentido de valor da vida (entrega ao álcool, às drogas ilícitas e, por fim, ao crime).
O professor Helmut Troppmair sustenta que, “se os pais não estabelecerem para as crianças os parâmetros de comportamento, se não tiverem firmeza em suas atitudes, os filhos tornar-se-ão inseguros; em lugar de uma orientação firme, seguem modas, modelos, opiniões adquiridas nas ruas ou através dos meios de comunicação e adotam valores no mínimo discutíveis”.
Na verdade, conforme já assentado na moderna psicologia do desenvolvimento, toda criança quer ver em seus pais seus modelos. Às vezes resistem-nos tão somente para sentir que seus ídolos ainda são fortes o bastante para que mereçam ser seguidos. Nesse caso, pergunta-se, o que será da personalidade – em formação – de uma criança que vê no seu herói um pusilânime, um medroso, um omisso? Conforme afirma a psicóloga Jirina Prekop, em sua obra “O Pequeno Tirano”, é a falta de firmeza dos pais que leva a criança a impor sua vontade.
Para as crianças, os pais são sempre as pessoas mais fortes e inteligentes. São verdadeiros heróis que resolvem todos os problemas. E a esse ser mais forte, mais inteligente ou até mesmo herói, cabe mostrar o que as crianças devem fazer para se dar bem na vida. Embora não saibam, elas esperam exatamente isso dos pais. Eis a razão pela qual as crianças aceitam integralmente qualquer ordem, orientação ou correção dos pais. Com a mesma naturalidade e passividade aceitarão dos pais certas responsabilidades, como o dever de não faltar à escola, fazer a lição de casa, respeitar os mais velhos, bem como a obrigação de realizar afazeres domésticos como forma de aprendizado para a vida.
Entretanto, se os pais não se preocuparem com essas questões, deixando os filhos à vontade para fazer tudo o que quiserem, não só os pais terão sérios problemas de disciplina em casa, mas logo a escola e a sociedade sofrerão as consequências desse desleixo. Sentindo-se perdidas como marinheiros à deriva no perigoso mar da vida, essas crianças poderão tornar-se adultos problemáticos tanto no aspecto afetivo como social.
Educar os filhos é a tarefa mais importante da vida para quem é pai ou mãe. Tarefa complexa e delicada. Por isso é preciso chamar os pais a uma reflexão profunda e urgente sobre o assunto. É inaceitável que, para satisfazer os desejos de uma criança, ou a pretexto da liberdade de pensamento, de expressão ou de ir e vir (direitos constitucionais que não são absolutos), o processo de educação dos filhos seja influenciado por estranhos à família e à escola, especialmente via internet, onde as crianças ficam completamente expostas a informações de conteúdo contrário aos princípios morais e de convivência em sociedade.
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