Uma publicação do jornal americano New York Post causou polêmica no último fim de semana, afirmando que o consumo de erva mate causa risco de desenvolver câncer. Usuários do Twitter fizeram piada com a postagem. A reportagem "Beber esse chá é tão perigoso quanto 'fumar 100 cigarros''', publicada no último dia 25, sustenta que a bebida contém uma substância que pode estar ligada a casos de câncer, especialmente de esôfago, chamada PAH (sigla em inglês para hidorcabonetos aromáticos policíclicos).
O texto apresenta como fonte um estudo, publicado em 2008. Um dos autores da pesquisa, o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Renato Fagundes, afirma que a manchete é sensacionalista, e explica que os achados deste estudo devem ser entendidos dentro de um contexto. Segundo ele, estudos antigos observacionais [ou seja, sem experimentos] demonstravam a alta incidência de câncer de esôfago entre consumidores do mate. "É uma associação. Não dá pra falar em causa e efeito", resume. Além do chimarrão, as pessoas também consumiam mais cigarros e álcool do que a população em geral.
Em 2004, o professor realizou seu pós-doutorado no National Cancer Institute, nos Estados Unidos, com a proposta de analisar o consumo das ervas usadas no estado para verificar a exposição à substância. Ele e os demais pesquisadores conduziram um experimento, que demonstrou a presença de um dos PAH, o benzopireno, em amostras de infusão realizadas para a pesquisa. A quantidade da substância seria equivalente ao que contém em um pacote de cigarros. Outros estudos demonstram que o benzopireno é gerado durante o processo de secagem, que normalmente é feito com o uso de fogo e fumaça, e que adiciona substâncias no processo de combustão.
Esses achados, alerta o professor, devem ser entendidos com cautela. "Basta ir ali na Redenção [parque de Porto Alegre] que vocês vão ver gente passeando com a cuia na mão e a térmica debaixo do braço. É um hábito muito arraigado na nossa população. Tem que ter cuidado pra não assustar, criar pânico de que vai desenvolver câncer de esôfago [se tomar chimarrão. Precisa de um somatório de fatores pra que isso aconteça", explica. O grupo de pesquisadores prossegue com os estudos. O objetivo é verificar se o benzopireno pode ser encontrado na mucosa esofágica, explica o professor.
O professor afirma que ele mesmo toma chimarrão eventualmente. "Não tem problema porque eu não fumo, bebo em quantidade limitada e muito ocasionalmente. Então realmente o grande problema hoje em dia tá nessa associação das três coisas, aqui na nossa região", explica. Segundo Fagundes, ele não foi procurado pela publicação americana para mais esclarecimentos do estudo.
Nesta pátria, não se toma mate porque se tem sede. O chimarrão é exatamente o contrário da televisão: te faz conversar, se estás acompanhado e te faz pensar, quando está sozinho… Quando chega alguém na tua casa, a primeira frase é: “E aí, tchê, como vai?” E a segunda: “Vamos tomar um mate?” E isso em todas as casas.
Seja rico ou pobre… numa prosa com amigos ou numa conversa formal… Acontece entre os velhos, nos asilos mas também entre os jovens, enquanto estudam. O mate é compartilhado por pais e filhos, num mesmo nivelamento… por simpatizantes de qualquer partido, religião ou time. Entre bons e os maus. No inverno ou no verão.
Aqui nessa pátria, quando se tem um filho, começamos a dar um chimarrão assim que eles pedem… com água meio morna… e eles se sentem grandes. É com orgulho quando nosso filho começa a matear com a gente. Aqui é o único lugar no mundo onde a decisão de se deixar de ser criança ocorre num dia em especial. E não é quando se começa a usar calças compridas, quando se vai pra universidade ou quando se passa a viver longe dos pais. Aqui, começamos a ser grandes no dia em que sentimos a necessidade de tomar, pela primeira vez uns mates, solito. Não é casualidade. No dia que um adolescente põe a chaleira no fogo e toma seu primeiro mate, sem que tenha mais ninguém em casa… nesse momento ele descobre que tem alma.
As músicas aqui, tem as letras cheias de erva-mate. Tem sempre erva, em qualquer casa, sempre. Com inflação, com fome, com militares, com democracia, com saúde ou com doença. E se acaso um dia acabou a tua erva, um vizinho sempre vai te ceder uma cevadura. A erva não se nega a ninguém.
A simplicidade do mate é uma demonstração de valores:
É a solidariedade de matear até que a erva fique lavada porque a prosa é boa e a parceria merece. É o respeito pelos momentos de se falar e de se escutar, pois enquanto eu mateio, o outro fala e quando lhe alcanço a cuia, é o momento dele me escutar.
É a sinceridade de dizer: “Que tal dar uma encilhada no mate?” Há companheirismo nesse momento e a sensibilidade da água quente e o carinho de perguntar, de pronto “Tá meio quente, não?” É a modéstia de quem ceva o melhor mate e a generosidade de oferecer até o final. É a hospitalidade do convite e a justiça de cada um tomar o mate na sua vez.
É a obrigação de dizer “muito obrigado” pelo menos uma vez ao dia.
É a atitude ética, franca e leal de se reunir sem outra pretensão que não seja compartilhar.
Fonte. Internet.
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