
O cara era um craque. Naquela região perdida do Rio Grande do Sul, nos anos 60, ele era considerado um jogador de futebol completo — exceto no gol, pois no resto, atuava em qualquer posição no campo.
O Alemão — um sujeito alto, atlético e bem-humorado — era o típico jovem decidido, alegre e meio ingênuo. Mesmo com linguagem simples, marcada pelo sotaque forte das origens germânicas, ele se entrosava com todos, principalmente graças ao futebol.
Sua habilidade com a bola chamava a atenção de muita gente — inclusive das moças. Mas foi a Rainha do Clube Esportivo que conquistou de vez o seu coração. Com méritos.
Os amigos eram muitos. Um deles, o João — atleta também, recém-formado em Direito — convidou o Alemão para uma viagem a Porto Alegre, junto com outros colegas. Era a chance de conhecer a capital, essa cidade grande que ele só ouvira falar e jamais pensou que pisaria um dia.
A excursão partiu num velho ônibus da empresa Sertaneja, cheio de rapazes entre 20 e 25 anos. Depois de um rápido tour pela cidade, foram liberados à noite. O destino, claro, era a Rua Caldas Júnior — famosa por suas casas noturnas no centro da capital.
O Alemão e mais quatro ou cinco amigos entraram em um daqueles cabarés. Logo uma das "meninas" se aproximou do nosso atleta. Sem muita cerimônia, acertaram um programa.
Era a primeira vez, confessaria ele anos depois, que se envolvia com "esse tipo de mulher".
Tudo acertado, foram subir para o quarto. No corredor, porém, a moça parou e avisou:
— Olha, só pra deixar claro... eu não sou completa.
A declaração caiu como uma bomba no Alemão, que já estava nervoso e cheio de expectativas. Ficou mudo. Pensou:
— “Como assim não é completa? Vai ver é aleijada e eu não notei? Mas tem braço, tem perna... bom, agora já era. Seja o que Deus quiser!”
Não disse nada. Apenas assentiu com a cabeça e seguiu.
Segundo ele, apesar do susto inicial, foi uma noite maravilhosa.
Dias depois, ainda intrigado com aquela frase que martelava na cabeça, contou o caso para um amigo da turma.
O outro riu e explicou:
— Ela não é “completa” porque não faz nem oral, nem anal.
O Alemão arregalou os olhos e, com a sinceridade simples de sempre, respondeu:
— Pois olha... eu nem sabia que se fazia essas coisas!