Sábado, 05 de Outubro de 2024
12°C 32°C
Tenente Portela, RS
Publicidade

Qual maioria? A que ganhou ou a que perdeu?

Por Percival Puggina

26/04/2024 às 15h22
Por: Jonas Martins Fonte: Jornal Província
Compartilhe:

O esquerdismo militante convence seus agentes de que isso acrescenta importantes polegadas à sua estatura moral, induzindo-os a olhar a humanidade de cima para baixo. Cada um deles é o novo Adão que emergiu das trevas da injustiça, das opressões e das exclusões que até então “encobriam a superfície do abismo” (para usar a expressão bíblica).

Em suas ocupações e atividades profissionais, o esquerdista militante coloca a missão acima da função. Seja ele professor, jornalista, padre, pastor, artista, militar, burocrata, empresário – o que for – antes de tudo é um esquerdista empenhado no papel transformador e revolucionário que lhe cabe na construção dessa nova humanidade, bem ali, no lado esquerdo do palco das ideias.        

Em todas as muitas experiências históricas e atuais, essas premissas e seus fundamentos ideológicos levam, isto sim, a uma nova eugenia. A tal de direita (sempre dita “extrema”) precisa ser sufocada para perder expressão política. Há que quebrar esses ovos para a omelete da revolução. Daí a censura que sai do texto, da obra, e atinge o autor, a família e o ordenamento jurídico do país, com sucessivas e crescentes restrições de direitos. Daí termos modernos gulags nos tais inquéritos sigilosos. Daí, também, serem os alunos, os pacientes, os fiéis, os presos, os pobres, os negros, os pardos, os gays, os leitores e o público de esquerda os únicos merecedores de atenção e defesa. Infelizmente, de tanto ver, entendi, mas preferia não ter visto.

O ministro Luís Roberto Barroso, em recente encontro da OAB Nacional, fez uma série de afirmações que exigem reflexão (assista aqui). Disse ele, em síntese, que:
- a democracia enfrenta uma onda de populismo autoritário, anti-institucional e antipluralista que vem representando um risco em muitas partes do mundo;
- a referida onda se torna perigosa por ser “autoritária, xenófoba, racista, homofóbica e misógina”;
- o populismo autoritário é o responsável por uma divisão política “nós e eles”;
- no Brasil e noutras partes do mundo, a comunicação direta by-passa instituições intermediárias como o Legislativo, a imprensa, a sociedade civil, e com muita frequência elege as Supremas Cortes como adversárias;
 - as Supremas Cortes têm o papel de limitar o poder político das maiorias políticas;
- a articulação global extremista de extrema direita se utiliza das plataformas digitais para espalhar ódio, desinformação, teorias conspiratórias e destruir reputações.

O ministro parece ter retomado nesse pronunciamento o múnus ideológico e o esquerdismo militante que assumiu no último Congresso da UNE. O raciocínio, o vocabulário e a rotulagem dos opositores como “autoritários, xenófobos, racistas, homofóbicos e misóginos” o revelam.

Se há algo que conservadores e liberais não têm é uma articulação internacional que funcione em seu favor! Estaria o ministro se referindo a Elon Musk e à plataforma X quando menciona “articulação global da extrema direita”? Nesse caso, porém, não deveria levar em conta a atuação no sentido oposto dos notórios Facebook, YouTube, Instagram, Google, etc., que já reprimiam por conta própria e gosto os perfis e páginas de direita bem antes de serem instados a isso pelo STF e pelo TSE?

Esse by-pass às instituições intermediárias criticado pelo ministro não seria, em palavras mais claras, simplesmente a livre busca da verdade? Não seria o mero direito que assiste cada cidadão de interpretar e se expressar a respeito dos acontecimentos com liberdade, independentemente do que proclamem os oráculos oficiais?

Quando li sobre a tal “articulação global extremista de direita” me lembrei de que essa articulação sempre foi marca da extrema esquerda, com suas muitas e sucessivas “Internacionais” que até um belo hino próprio têm há um século e meio: (“De pé, ó vítimas da fome! De pé, famélicos da terra!”). Ademais, como desconhecer o Foro de São Paulo, o Sul Global, a Pátria Grande e outras articulações semelhantes? Como ignorar o movimento Woke? Onde ficam, nessa narrativa, a Nova Ordem Mundial e seus bilionários promotores?

Por fim, num país onde o presidente proclamado eleito é petista, tem maioria de 9 a 2 no STF, compra maioria no Congresso, conta com ampla cobertura do jornalismo militante das grandes redações e comanda com o tilintar das moedas o setor cultural, o ministro vê necessidade de controlar o poder político das maiorias! E essa maioria – surpresa! - não é a maioria governista, mas a ameaçada e silenciada oposição.

Infelizmente, entendi, mas preferia não ter entendido.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
Percival Puggina
Sobre o blog/coluna
* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
Ver notícias
Tenente Portela, RS
29°
Tempo limpo

Mín. 12° Máx. 32°

28° Sensação
1.42km/h Vento
35% Umidade
0% (0mm) Chance de chuva
06h09 Nascer do sol
06h37 Pôr do sol
Dom 32° 16°
Seg 29° 18°
Ter 21° 18°
Qua 20° 15°
Qui 19° 14°
Atualizado às 12h07
Economia
Dólar
R$ 5,46 +0,00%
Euro
R$ 5,99 -0,01%
Peso Argentino
R$ 0,01 +0,66%
Bitcoin
R$ 358,609,73 -0,68%
Ibovespa
131,791,55 pts 0.09%
Publicidade
Lenium - Criar site de notícias